Os impactos ambientais da moda fast fashion

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60144656.amp

A moda fast fashion parte do princípio de que a moda deve ser sazonal, ou seja, destinada à coleções específicas, como coleção outono-inverno e coleção primavera-verão, que tratam de roupas da “modinha” e que dificilmente será bem vista nos períodos seguintes. Além disso, o foco está apenas no lucro e não relação de troca (onde ambos os envolvidos ganham). Isso faz com que muitos produtos, peças de roupas que encontramos nas lojas, sejam feitos com materiais de baixa qualidade e com acabamentos mal feitos. Afinal, são peças produzidas para serem usadas por pouco tempo (senão pela atualização da moda, pelas costuras e materiais que em breve apresentarão problemas, defeitos). Mas o problema é que este tipo de pensamento, o qual gera um alto consumo de peças em busca da novidade ou substituição de outras peças já danificadas, gera também uma grande produção de lixo. Fator este que impacta gravemente o meio ambiente. Isso sem falar em trabalho escravo e a desigualdade altamente desarmônica na distribuição de lucros.

Uma página do Instagram chamada Desafio Meio Ambiente (@desafiomeioambiente) – dedicada a informar sobre impactos ambientais decorrentes do mau uso de recursos naturais e inspirar pessoas no tocando à preservação do meio ambiente – em uma publicação do final do ano de 2021 (https://www.instagram.com/p/CWWyaRrs9Ee/https://www.instagram.com/p/CWWyaRrs9Ee/), com o título “Deserto do Atacama vira lixão da moda com toneladas de roupas descartadas pelo 1o mundo” diz assim:

“O mais alto e seco deserto do mundo vem se tornando também um dos mais poluídos: no Deserto do Atacama, no Chile, as salinas e a areia cada vez mais se misturam a imensas montanhas tóxicas de lixo, que anualmente crescem em toneladas. Não se trata, porém, de qualquer poluição, mas sim de verdadeiras colinas formadas por peças de roupas desperdiçadas, que entram no país através da zona franca de Iquique, porto localizado a 1.800 quilômetros de Santiago. São calças, camisetas e outras peças que não foram vendidas em mercados como o europeu, asiático ou estadunidense, enviadas ao Chile para serem revendidas para a América Latina – boa parte, porém, acaba no local no deserto apelidado de ‘lixão da moda’.
Segundo relatório realizado pela AFP, estima-se que, das cerca de 59 mil toneladas de roupas de segunda mão que o porto chileno recebe anualmente, em torno de 39 mil toneladas acabem nas montanhas de roupas na região do Atacama conhecida como Alto Hospício, ao norte do país. São peças fabricadas principalmente na China e em Bangladesh, que chegam ao Chile de todas as partes do mundo, onde revendedores chilenos selecionam produtos para suas lojas: o que não é enviado para ser comercializado em Santiago ou em outros países da América Latina termina no deserto.
As imagens assombram, e ilustram o gigantesco impacto que a indústria da moda impõe sobre o meio-ambiente em todo o mundo: o material que forma o ‘lixão da moda’ no Atacama leva ao menos 200 anos para se desintegrar, após utilizar imensas quantidades de água e produtos químicos na fabricação. Além do desperdício concreto e da intoxicação do deserto, o componente humano se faz inevitável diante das montanhas de roupa, já que também se acumulam as denúncias de trabalho escravo, trabalho infantil, salários abaixo da linha da miséria e exploração contra a indústria da moda justamente para a fabricação massiva de seus produtos anualmente. O Chile é o maior importador de roupas usadas na América Latina.
De acordo com a ONU, a produção de roupas, responsável por 20% de toda a água desperdiçada do planeta, dobrou entre 2000 e 2014”.
Fonte: Hypeness.

Enquanto uma outra publicação mais recente, de abril deste ano de 2023, feita pelo artista Vik Muniz (https://www.instagram.com/p/CqpxAyWgzX7/) diz que um dos maiores aterros sanitários do planeta chamado Bantar Gebang, em Bekasi, Indonesia, no mesmo planeta em que vivemos, cerca de 12,000 pessoas moram e trabalham nesse lugar.

Mas o problema vai ainda além dos impactos desastrosos causados ao meio ambiente devido à alta produção de lixo. Ou seja, suas consequências não se restringem apenas à natureza. O filósofo Malcom Ferdinand, em seu livro “Uma ecologia decolonial” (2022), traz à tona o quanto a própria ecologia está atrelada ao controle de corpos dentro de uma sociedade; e o quanto os Pretos, Marrons, Vermelhos, Amarelos e Brancos pobres, são alvo da política que financia interesses capitalistas à custa dos corpos demonizados e/ou ridicularizados – como são tais corpos.

Há pouco tempo vimos explodir nas redes sociais um assunto que é um claro exemplo disso: a brutalidade por parte dos garimpos ilegais às comunidades Yanomami no Brasil. Mas tais atividades ainda são ilegais. No entanto, vemos muitas empresas enriquecer legalmente e com privilégios à custa dos impactos ambientais que afetam direta e indiretamente toda uma vida, um mundo, o ecossistema e, sobretudo e diretamente, corpos que não interessam economicamente. Em seu livro, Ferdinand diz (2022, p. 17) que “as destruições ambientais não atingem todo mundo da mesma maneira, tampouco apagam as destruições sociais e políticas já em curso” e que há uma “ausência gritante de pessoas Pretas e racializadas tanto nas arenas de produção de discursos ambientais como nos aparatos teóricos utilizados para pensar a crise ecológica” (p. 18 – Ferdinand usa o termo “racializados” referindo-se a esses outros corpos, não brancos, “cuja humanidade foi e ainda é questionada pelas ontologias raciais, traduzindo-se de fato por uma essencialização discriminatória”
(2022, p. 18-19).

Tal marginalização é fruto de nossa herança colonial que perdura ainda hoje. E dessa herança, temos ainda como modelo padrão de corpo e comportamento homens héteros, brancos e de classe social média, ou seja, uma típica imagem de europeu. Sendo assim, além dos Pretos, Marrons, Amarelos, Vermelhos, Brancos pobre, tornando-se as maiores vítimas dessa produção excessiva de lixo, garimpos ilegais, desmatamentos de florestas. Tais consciências têm o poder de nos fazer refletir e pensar em políticas mais iguais e humanitárias, não visando apenas lucro.

Mas calma! Pois há soluções muito mais sustentáveis como esta! Usar materiais de baixo impacto ao meio ambiente acredito ser a primeira solução a ser acatada. Tais materiais são: fibras têxteis naturais, como o algodão orgânico, o linho e a seda (que, embora seja polêmica por conta do uso de animais, no caso o bicho da seda, seu tratamento é altamente responsável e mantém certa qualidade de vida dos bichos – veja mais no link: < https://www.youtube.com/watch?v=prbSULaEf7Uhttps://www.youtube.com/watch?v=prbSULaEf7U>. Por isso, saber a procedência dos materiais e mão de obra dos produtos que você consome, é a melhor alternativa para contribuir com o mundo, o meio ambiente, o planeta Terra. Na Butique (bem como outras marcas conscientes), assuntos como este interessa muito! Por aqui fazemos de tudo para ter uma relação mais amigável (a partir de um ponto de vista mais amplo) com as roupas que vestem o corpo envolvendo o antes, o durante e o depois da vida de uma peça – tanto para nossa relação individual (com a gente mesmo), quanto na relação com outros corpos humanos e não humanos. Saiba mais sobre os valores e princípios da Butique 🙂

Obrigada pela visita!

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